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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

domingo, 18 de julho de 2010

Férias

Me decepcionei um pouco essa semana com (quase) todos os colegas que divergiram da opinião do Presidente Lula de que não se deve de forma alguma bater em crianças e que a conversa é melhor que tudo. As pessoas continuam achando que a melhor forma de acabar com a violência é a própria violência. Esse complexo de talião em que vivemos, tem que acabar. Nossa revolta contra esse mundo injusto, nossas questões mal resolvidas internamente não podem desaguar em ensinarmos aos nossos filhos que cometer um ato brutal, causando dor a outro ser humano, significa educação, ou mesmo resolução para alguma pendenga de nossa sociedade.

Como todos que me conhecem sabem, sou da opinião de que não se deve, em hipótese alguma cometer atos violentos, principalmente contra nossos filhos. Prego isso na prática porque é assim que crio minha filha, que, creio, sem nunca ter recebido sequer uma palmada, é uma criança muito bem orientada, na escola inclusive. Pai que bate é porque não quer conversar, tem preguiça de dialogar ou não se sente seguro ou em condições disso. Aí apela, deixa sua raiva, sim, não neguemos que temos raiva das crianças, porque isso faz parte de sermos humanos, ter raiva.

Para disfarçar a falta de controle ou incapacidade de relacionar-se adequadamente, vêm as mais desbaratadas desculpas. De que se não batermos em nossas crianças não os estaremos preparando para a violência do mundo lá fora, como se a violência precisasse ser ensinada. De que “foi assim que meu pai me criou”, então, porque meu pai fazia, e não tinha razão, eu também devo fazer. Ou pior, “apanha em casa pra depois não apanhar da polícia”, como se os bandidos não tivessem sido exatamente aqueles mais acostumados a conviver com a violência.

Mas não adianta, a necessidade de compensar a impotência diante da sociedade com a prepotência diante dos menores, somada á falta de informação e aprimoramento tornou o brasileiro insensível. Ele está tão fustigado e atraído pelo violento, pelo apelo frenético da inquisição nossa de cada dia, pelo “deprê show” cotidiano, que nem se dá conta de onde está metido. Perdeu seus parâmetros lógicos de percepção da vida como algo tranquilo.

O Brasileiro precisa é tirar férias. Férias de si mesmo, do Brasil, do noticiário, do egoísmo, do shopping center, do sindicato pelego ou ideologicamente manipulado, dos políticos manipuladores, das contas que só aumentam, dos comerciantes que nos enganam, dos que nos roubam e exploram. Só mesmo o Brasileiro não sendo do Brasil pra cortar fora a violência de si mesmo e do que está à sua volta. Só mesmo uma boa dose de alienação pra trazer de volta a razão.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Inclusão

Muito bonita essa coisa de colocar todas as diferenças juntas, para estimular a tolerância entre elas. Negro e branco, rico e pobre, feio e bonito. Ali no meio o aluno com necessidades especiais. É o retrato da sociedade como um todo. Toda a sua pluralidade incluída no espaço escolar em convívio diário. Isso é bom? Sim, pode ser, deve ser.

A luta pela inclusão faz parte de algo maior, de um processo de democratização do Brasil, que deve passar pelo econômico, cultural e político transpostos para o âmbito educacional. Hoje, quase todo mundo está na ou tem fácil acesso à Escola Pública. Essa realidade é uma grande conquista de todos, que fizeram ou fazem alguma coisa pela educação, que batalharam pela democratização do país, que elegeram alguns bons políticos que por um motivo ou por outro acabaram escrevendo e ajudando a promulgar leis que qualificaram nosso aparato educacional.

Mas essa inclusão produz muitos conflitos. A jurisprudência que dá forma à configuração atual de nossa escola obriga-nos a aceitar essa pluralidade, o que fazemos com muito gosto como educadores conscientes que somos. Mas gera contradições que, temo, não tenhamos condições de superar sem que a sociedade civil e os poderes públicos se concentrem em promover sua superação.

Um professor médio brasileiro, não consegue ensinar adequadamente vários tipos, por exemplo, de alunos especiais. Um síndrome de down, um estudante com algum tipo de limitação cerebral aprendem de maneiras que não conseguimos perceber em nossa rotina de muitos alunos, 40 ou 60 horas semanais e aulas aos sábados. Já temos muita dificuldade em educar os “normais” que estão cada vez mais arredios e desmotivados, e aí nos sobra pouco tempo para aprender sobre esses fascinantes diferentes. Será que não se sentiriam mais integrados em uma escola entre iguais ou parecidos a eles? É possível que, por um lado sim, apesar da legalidade hoje apontar para a inclusão em uma conjuntura de iguais sendo dessemelhantes.

Há ainda o problema do individualismo, carência e competitividade. O Bullying nosso de cada dia indica uma tendência crescente em rejeitar o diferente. É uma loteria. Se um aluno especial der a sorte de pegar uma turma “boa”, pode ser que ele consiga produzir melhor, se sentir mais afetivamente ligado aos colegas e progredir.

Por isso a enturmação e os projetos de integração entre as turmas podem ser fundamentais para que a escola seja bem sucedida em incluir a diversidade. Os laços de solidariedade presentes em comunidades do interior mais tradicionais e ao mesmo tempo abertas têm produzido resultados entusiasmantes. Nas grandes capitais um processo contrário tomou conta do dia-a-dia: a rejeição, a desconfiança e a “panelagem” levaram à formação de um jovem consumista e hedonista que, portanto, não tem tempo para pensar no semelhante, e se dedica única e exclusivamente à adulação constante e passiva do próprio ego.

O vírus da globalização já está chegando nos confins do mundo via internet o que massifica ainda mais os hábitos da gurizada. Sem uma orientação nesse sentido, o das novas tecnologias, ninguém vai chegar a lugar nenhum, porque a cabecinha dessa geração está sendo moldada por ela. Nesse torvelinho de novidades e mudanças em ritmo acelerado, a inclusão trilha por tortuosos caminhos de desinformação em plena era da informação, nos remetendo a uma incerteza sempre presente de um sucesso próximo ou a velha espera sem prazo de validade.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Patrimônio

Puxei do bolso meu chaveiro e vi um retângulo azul de latão onde se lê a palavra “História”. Tive uma estranha sensação de êxito. Abri meu estojo e estava lá o lápis roxo metálico. Lembrei-me da Sílvia e da Andriele que me presentearam com tais objetos, uma há dois e outra há cinco anos atrás, provavelmente jamais vou esquecê-las. Não só pelo souvenir doado mas porque foram pessoas com quem fiz boa amizade.

Tudo o que um professor tem como profissional ele constrói com a fina flor do seu relacionamento interpessoal com todo mundo que diariamente passa em sua frente na escola. Sua maneira de lidar com os professores, vice-diretoras, pais ou alunos determina a rede de influências que implicará em maior ou menor grau seu sucesso profissional.

A delicadeza ao conduzir tal trama é fundamental para o cotidiano. Dar sempre bom dia ou boa tarde, conversar sobre assuntos variados de maior ou menor grau de importância com todos, resultando em uma aproximação coloquial da qual todo o ser humano gosta. Não tomar atitudes intempestivas ou demasiadamente radicais é bom para manter o equilíbrio e resolver tudo com sapiência e tranquilidade. Despedir-se com educação perfaz o espaço que liga um encontro ao subsequente.

Conversar, sempre muito, fazer laços pessoais com o maior número de colegas possível, filosofar, discutir os rumos da humanidade, falar besteiras e contar piadas. Não da pra excluir nunca isso da aula. É mais que parte integrante, é o princípio básico. Assim a doença do esquecimento nunca tomará conta de qualquer envolvido, nem do processo escolar. Não nos esqueceremos em nenhum momento que antes de tudo somos seres humanos, ou melhor, que todos são. Não coisificaremos nenhuma relação, atitude ou pessoa capaz de fazer o que nós mesmo fazemos, de sentir o que sempre sentimos.

Qualquer inobservância a essa estratégia retirará o foco do que há de mais primordial em nosso trabalho. Nos afastará de nossa própria essência enquanto espécie. Nunca esqueçamos que viemos uns dos outros desde que nossos ancestrais caminhavam amedrontados pela planície, em busca de caça; eis aí o fundamento do conhecimento: se defender da violência da simples “Natureza”, predatória biologicamente. Inventamos nossa sociedade, e tudo pelo qual ela foi construída não é diferente de nós mesmos em nosso devir. Jamais devemos nos afastar de tal fundamento.

Ajudar antes de tudo. Colocar o que temos de melhor à disposição do outro, a única maneira de educar. Doar-lhes nossos exemplos e estudos memorizados, nossas virtudes internalizadas, nosso conhecimento vivido intensamente, nossa arte de sobreviver. Não há outro caminho a não ser abrir as portas da beleza do universo para quem quiser entrar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Divididos 2

É como se jamais nos encontrássemos verdadeiramente pra tentar entender o que está acontecendo no mundo. Porque falamos línguas diferentes, temos visões de mundo muito diferentes, temos interesses divergentes. Alunos e professores, em um certo sentido, pouco se encontram pra viverem a vida uns com os outros. Pra entenderem como pensa o seu par. Não, cada grupo vive o só seu, mas não há coletividade entre os grupos. Estão seccionados.

Movidos por energias divergentes eles não se entendem. Um aluno não entende muito bem aquelas lições de moral que nada têm a ver com o que os da sua idade falam e pensam. Os professores não entendem como o aluno pode se vestir daquele jeito, falar daquele jeito e compulsivo, ouvir aquela música horrorosa, etc.

Um aluno não entende (e nem quer entender) como os professores podem achar que aquilo que eles pensam estar ensinando tem assim tanta importância se há tantas outras coisas mais interessantes para se pensar ou fazer. Os professores não compreendem como os jovens podem passar tanto tempo mexendo no celular, falando no msn ou passeando num shopping.

Já começa pela chegada. Os professores desejam que os alunos entrem logo para aula. Eles querem fugir. “Entra logo fulano que o professor não deixa entrar depois””Tudo bem eu não gosto daquela aula mesmo”. “Se o fulano não vier hoje é zero na prova e mando chamar a mãe”.

Não dá, são universos consistentemente diferentes e têm que ser misturados todos os dias. Quem tem mais condições de agir, mudando sua maneira de agir e suas metas em virtudes escolares? Nós ou os alunos?

Divididos 1

Ideologizados e separados estamos todos

Divididos, seccionados como bobos, como lobos

Ignorados da verdadeira razão enobrecida

De comungar educação em uma vida

Ficamos soltos sem amarras uns aos outros

Livres tolos se amam pouco tristes rostos

Que dividem o afeto com os iguais

Mas ignoram sem piedade os juvenis

Tola aula doida causa que me amarra

A não querer igualá-la a dura alma

Me trai ao ser o que não quero

Tolo sou de hoje bem mais velho

Que sem poder fugir ao que espero

Mais me penso igual ao que me espelho

sábado, 3 de julho de 2010

Dramatizações 2010

É preciso inovar. Por isso dramatizamos os conteúdos, ao invés simplesmente de decorá-lo. Estamos vivendo a História.
Alunos do Padre Reus Dramatizam a Globalização.
Alunos do Padrecu Dramatizam a Crise de 1929.
Estudantes da 2ª Série do Padre Reus Dramatizam a Revolução Industrial.
Os Alunos da 8ª Série do La Hire Guerra Dramatizam a Crise de 1929.
As Meninas da Turma 71 do La Hire Guerra Dramatizam a Revolução Industrial Inglesa.