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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Inclusão

Muito bonita essa coisa de colocar todas as diferenças juntas, para estimular a tolerância entre elas. Negro e branco, rico e pobre, feio e bonito. Ali no meio o aluno com necessidades especiais. É o retrato da sociedade como um todo. Toda a sua pluralidade incluída no espaço escolar em convívio diário. Isso é bom? Sim, pode ser, deve ser.

A luta pela inclusão faz parte de algo maior, de um processo de democratização do Brasil, que deve passar pelo econômico, cultural e político transpostos para o âmbito educacional. Hoje, quase todo mundo está na ou tem fácil acesso à Escola Pública. Essa realidade é uma grande conquista de todos, que fizeram ou fazem alguma coisa pela educação, que batalharam pela democratização do país, que elegeram alguns bons políticos que por um motivo ou por outro acabaram escrevendo e ajudando a promulgar leis que qualificaram nosso aparato educacional.

Mas essa inclusão produz muitos conflitos. A jurisprudência que dá forma à configuração atual de nossa escola obriga-nos a aceitar essa pluralidade, o que fazemos com muito gosto como educadores conscientes que somos. Mas gera contradições que, temo, não tenhamos condições de superar sem que a sociedade civil e os poderes públicos se concentrem em promover sua superação.

Um professor médio brasileiro, não consegue ensinar adequadamente vários tipos, por exemplo, de alunos especiais. Um síndrome de down, um estudante com algum tipo de limitação cerebral aprendem de maneiras que não conseguimos perceber em nossa rotina de muitos alunos, 40 ou 60 horas semanais e aulas aos sábados. Já temos muita dificuldade em educar os “normais” que estão cada vez mais arredios e desmotivados, e aí nos sobra pouco tempo para aprender sobre esses fascinantes diferentes. Será que não se sentiriam mais integrados em uma escola entre iguais ou parecidos a eles? É possível que, por um lado sim, apesar da legalidade hoje apontar para a inclusão em uma conjuntura de iguais sendo dessemelhantes.

Há ainda o problema do individualismo, carência e competitividade. O Bullying nosso de cada dia indica uma tendência crescente em rejeitar o diferente. É uma loteria. Se um aluno especial der a sorte de pegar uma turma “boa”, pode ser que ele consiga produzir melhor, se sentir mais afetivamente ligado aos colegas e progredir.

Por isso a enturmação e os projetos de integração entre as turmas podem ser fundamentais para que a escola seja bem sucedida em incluir a diversidade. Os laços de solidariedade presentes em comunidades do interior mais tradicionais e ao mesmo tempo abertas têm produzido resultados entusiasmantes. Nas grandes capitais um processo contrário tomou conta do dia-a-dia: a rejeição, a desconfiança e a “panelagem” levaram à formação de um jovem consumista e hedonista que, portanto, não tem tempo para pensar no semelhante, e se dedica única e exclusivamente à adulação constante e passiva do próprio ego.

O vírus da globalização já está chegando nos confins do mundo via internet o que massifica ainda mais os hábitos da gurizada. Sem uma orientação nesse sentido, o das novas tecnologias, ninguém vai chegar a lugar nenhum, porque a cabecinha dessa geração está sendo moldada por ela. Nesse torvelinho de novidades e mudanças em ritmo acelerado, a inclusão trilha por tortuosos caminhos de desinformação em plena era da informação, nos remetendo a uma incerteza sempre presente de um sucesso próximo ou a velha espera sem prazo de validade.

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