Quem sou eu

Minha foto
Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Patrimônio

Puxei do bolso meu chaveiro e vi um retângulo azul de latão onde se lê a palavra “História”. Tive uma estranha sensação de êxito. Abri meu estojo e estava lá o lápis roxo metálico. Lembrei-me da Sílvia e da Andriele que me presentearam com tais objetos, uma há dois e outra há cinco anos atrás, provavelmente jamais vou esquecê-las. Não só pelo souvenir doado mas porque foram pessoas com quem fiz boa amizade.

Tudo o que um professor tem como profissional ele constrói com a fina flor do seu relacionamento interpessoal com todo mundo que diariamente passa em sua frente na escola. Sua maneira de lidar com os professores, vice-diretoras, pais ou alunos determina a rede de influências que implicará em maior ou menor grau seu sucesso profissional.

A delicadeza ao conduzir tal trama é fundamental para o cotidiano. Dar sempre bom dia ou boa tarde, conversar sobre assuntos variados de maior ou menor grau de importância com todos, resultando em uma aproximação coloquial da qual todo o ser humano gosta. Não tomar atitudes intempestivas ou demasiadamente radicais é bom para manter o equilíbrio e resolver tudo com sapiência e tranquilidade. Despedir-se com educação perfaz o espaço que liga um encontro ao subsequente.

Conversar, sempre muito, fazer laços pessoais com o maior número de colegas possível, filosofar, discutir os rumos da humanidade, falar besteiras e contar piadas. Não da pra excluir nunca isso da aula. É mais que parte integrante, é o princípio básico. Assim a doença do esquecimento nunca tomará conta de qualquer envolvido, nem do processo escolar. Não nos esqueceremos em nenhum momento que antes de tudo somos seres humanos, ou melhor, que todos são. Não coisificaremos nenhuma relação, atitude ou pessoa capaz de fazer o que nós mesmo fazemos, de sentir o que sempre sentimos.

Qualquer inobservância a essa estratégia retirará o foco do que há de mais primordial em nosso trabalho. Nos afastará de nossa própria essência enquanto espécie. Nunca esqueçamos que viemos uns dos outros desde que nossos ancestrais caminhavam amedrontados pela planície, em busca de caça; eis aí o fundamento do conhecimento: se defender da violência da simples “Natureza”, predatória biologicamente. Inventamos nossa sociedade, e tudo pelo qual ela foi construída não é diferente de nós mesmos em nosso devir. Jamais devemos nos afastar de tal fundamento.

Ajudar antes de tudo. Colocar o que temos de melhor à disposição do outro, a única maneira de educar. Doar-lhes nossos exemplos e estudos memorizados, nossas virtudes internalizadas, nosso conhecimento vivido intensamente, nossa arte de sobreviver. Não há outro caminho a não ser abrir as portas da beleza do universo para quem quiser entrar.

Nenhum comentário: