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Professor, Músico, Audiófilo, Cientista Político, Jornalista, Escritor de 1968.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Mudança



Em época de eleições tem um monte de candidatos a um bolo de cargos diferentes que diz que fez isso, que vai fazer aquilo pela educação … eu não acredito em ninguém! Porque se alguém disser que fez quando foi governo, seja lá quem for, não diz a verdade. A Educação pública no Brasil, desde criada, isto é, no governo Getúlio Vargas, nunca cumpriu totalmente sua função. Recentemente muitas medidas administrativas e políticas públicas foram implementadas, mas, efetivamente, muito poucas delas deram resultado significativo, persistente, capaz de mudar a macro-realidade pedagógica no país.
As mentes obtusas e atrasadas, sem visão que contemple a Educação como algo independente e livre do sistema capitalista, não têm condições de mudar nada. A educação, quando ela funciona de verdade, é uma espécie de Revolução que afeta tudo à sua volta. No Brasil a Educação só é afetada pelas coisas e não afeta quase nada, nem entre os pobres, nem entre os ricos, e, quando afeta é pra reforçar o sistema educacional vigente: autoritário, classificatório, excludente, discriminatório, etc.
Portanto, já que ninguém fez, e aparentemente fará, de fato essa revolução, pelo menos a médio (esperemos um longo) prazo, vão aqui umas arrogantes dicas para os políticos, se quiserem pensar melhoria da educação de Verdade, façam o seguinte:

  1. Pague muito bem os professores. De preferência que eles trabalhem tipo, 20 horas por semana e tenham também tempo para ler, fazer cursos, ir ao cinema, ao teatro, levar a filha ao parquinho para andar de balanço, praticar esportes. Tudo bem, se for 40 horas, o cara, por dedicação exclusiva, ganhe tipo 50% a mais em cima do básico. Ah, e sem esquecer um tempo para uma viagenzinha.

  2. Professor tem que ter, pelo menos, 3 meses de férias, por estar metido em uma das profissões mais estressantes, arriscadas e monótonas de todas. Corrigir 300 provas que envolvem 30 coisas diferentes dá um nó na cabeça e no braço de qualquer um. Estar sujeito a tomar rasteiras, receber empurrões, sofrer Cyberbuylling, ser atropelado na saída da escola por pais descontrolados, não é fácil. Ficar repetindo a mesma aula pra 5 turmas diferentes, uma atrás da outra, no mesmo dia ninguém merece.

  3. Obrigar as mantenedoras a manterem um quadro funcional realmente capaz de dar conta do negócio, sem sobrecarregar ninguém, para que o serviço seja bem feito. Admissão de funcionários, só por concurso. Concursado exerce só a função do concurso. Que tenha pra tudo: Bibliotecária, Orientadora, Psicóloga, Supervisora, e até, professora. As escolas, (todas) têm que ter, direções eleitas pela comunidade, com cada voto valendo o mesmo.

  4. Todas as Escolas têm que ter: Projeto Político Pedagógico, regimento, e sistema de avaliação autônomos, mas, não podem desrespeitar princípios básicos da carta maior que é a LDB. Aliás, precisa ser melhorada e algumas questões têm que ser mais especificadas do que na atual. Também não pode faltar, uma ótima sala dos professores, com sofás pra gente deitar entre um turno e outro, microondas, pia, ar condicionado, muitas cadeiras, pelo menos 2 mesas e poltronas. Não pode faltar sala de informática, anfiteatro, ginásio poliesportivo, ampla e atualizada biblioteca, um datashow e aparelho de som, dvd e computador em cada sala, tudo com acesso a internet banda larga. Muitas tvs, música ao invés de sirenes, cursos gratuitos de música, festivais de teatro, pintura e redação. E, claro, lindas festas.

  5. As turmas não devem ter mais de 25 alunos, em qualquer nível do ensino básico, e 35, no médio e no universitário. É claro, têm que pagar mais professores, ampliar o quadro funcional para dar conta de mais essa tarefa. Acho que essa é particularmente importante hoje em dia pois quem está em sala de aula sabe o que é o nível de agitação dos jovens de hoje. Além do mais tem gente de todas as classes sociais lá, o que aumenta a tendência ao choque de culturas, brigas, pegação de pé, panelinhas, desunião, etc.

  6. Passar a ver combate a drogas como uma consequência da sociedade opressora e não como causa dela. Tratar o viciado como doente e não como criminoso. Combater as drogas usadas pelos ricos mais do que as usadas pelos pobres, pois é aí que está o furo. E principalmente, pensar melhor a jurisprudência a respeito do assunto. Copiar os exemplos bem sucedidos e descartar modelos mal sucedidos peremptoriamente como o nosso.

  7. Convencer a burguesia brasileira de que um povo bem educado é só lucro pra ela. Tá bem, se esse povo eleger alguém á esquerda, seus burgueses, vocês vão enriquecer mais do que com alguém da direita. Ah, se a gente fizer reforma agrária, vai ser melhor pra todo mundo, inclusive pra vocês.
Sei que não é uma tarefa fácil, mas podia começar por aí. Isso aí custa muito, muito, muito menos do que todo o dinheiro desviado em corrupção (que não é nada pouco), obscenas campanhas eleitorais e gastos em propaganda de qualquer governo. Também é muito menos do que 1/3 das 20 maiores fortunas do Brasil somadas, que seus respectivos donos poderiam perfeitamente doar porque, com certeza, não vai lhes fazer falta nenhuma, nem pelas próximas 10 gerações de suas famílias, nem aqui nem na eternidadade. Portanto, comecem logo e não nos enrolem mais.

2 comentários:

Inezita disse...

Excelente texto, Law!
Quem dera fosse assim. O Educador merece todo reconhecimento e apoio. Lamentavelmente até hoje nenhum governo fez muito. A base, a construção ficam em segundo plano.

Lawrence David disse...

Pois é, todo mundo é hipócrita, mas eu não!